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  • Luciano

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA PRIMEIRA INFÂNCIA

A música, além de contribuir para o desenvolvimento psicomotor, socioafetivo, cognitivo e linguístico, é uma ferramenta facilitadora do processo de aprendizagem integral. Compreender sua importância para o desenvolvimento infantil é fundamental para que ela esteja presente no dia a dia da criança. _ Por Eric Brandão



O ato de brincar é o primeiro passo para o resgate de elementos que vamos deixando de lado com a maturidade: o movimento, o canto, a criação espontânea, a sociabilização e a atenção plena. A brincadeira só acontece de fato quando a vivemos plenamente, com entrega e sem a intenção de estarmos em outro lugar.

Nesse sentido, o brincar se aproxima intimamente da música, em um fenômeno de duas vias. Ao mesmo tempo em que a brincadeira precisa de ritmo, do canto e do movimento para acontecer, todos os elementos inerentes à linguagem musical podem e devem ser introduzidos à criança por meio da brincadeira. Chamamos esse processo de musicalização infantil.

No entanto, não precisamos de musicalização apenas por questões lúdicas. Um simples jogo de mãos, como "Palo Bonito" - que as crianças adoram -, aciona praticamente todas as regiões cerebrais de maneira simultânea. No momento em que a criança se sente desafiada a aprender uma brincadeira como essa e seus respectivos movimentos, são estimuladas diversas funções neurológicas, como: percepção auditiva, análise e representação da melodia, ritmo e demais propriedades do som (timbre, altura, intensidade, etc.), motricidade, percepção visual, expectação, sensações e emoções, memoria musical e raciocínio logico.

Dá para imaginar tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, enquanto a criança brinca? Imagine, portanto, os benefício que a musicalização infantil pode proporcionar ao futuro adulto, uma vez que os estímulos gerados pelas brincadeiras musicais serão aplicados em todas as áreas do conhecimento.

As atividades de musicalização vão muito além de questões neurológicas, já que a criança é um ser integral, de caráter social, cultural e afetivo. Por isso, ela se fundamenta na tríade elementar do aprendizado humano: motivação, atenção e repetição. Essa tríade funciona como um jogo de video game e cada item representa uma fase: só podemos jogar para a fase seguinte quando tivermos vencido a etapa anterior.

Para melhor associarmos a musicalização ao aprendizado, vamos exemplificar com uma situação escolar corriqueira: aprender o alfabeto. Essa etapa não costuma ser muito prazerosa - tente se lembrar do esforço que fazíamos ao memorizar tantas letras. Imagine se, após a memorização, você não voltasse a aplicar o alfabeto em situação alguma da vida. Bastaria que algum tempo se passasse para que tal conhecimento fosse se perdendo na ilha da memória.

No entanto, quando relacionamos as emoções ao aprendizado, obtemos resultados mais efetivos. Isso acontece quando ouvimos uma música que nos toca, marcando certo momento de nossa história. Emoções boas acionam partes do cérebro que ficam receptivas.

Na criança, a canção aliada ao movimento gera um efeito semelhante. Música cantada e movimentada resulta em informação assimilada. A associação dos mecanismos cognitivos de nosso cérebro à emoção propiciada pela atividade nos faz não nos esquecermos dela nunca mais, Sem contar que estímulos na área da sociabilização, resolução de conflitos e senso de equipe estão sempre presentes nas atividades de musicalização.

A prática é bem mais simples e encantadora do que a teoria. Para Uirá Kuhlmann, por exemplo, uma aula coerente de musicalização para crianças da Educação Infantil deve contemplar cinco pontos fundamentais: jogo, escuta, movimento, criação e execução. Não se tratam de meros conceitos pedagógicos, mas de dimensões do conhecimento que naturalmente vivenciávamos nas brincadeiras de infância. E ainda podemos vivenciá-las, mesmo na era de tecnologias. Tudo pode coexistir na antenada infância do século XXI. Basta que saibamos atribuir o valor devido a cada elemento formativo da criança, buscando, com critério e bom senso, a única fórmula fundamental e comprovadamente eficiente à vida humana: a do equilíbrio.

O objetivo central da musicalização não é, portanto transformar todas as crianças em musicistas, mas potencializar capacidades, gerando consciências mais reflexivas, atentas, sensíveis, críticas, sociáveis, que habitam corpos mais ativos, coordenados e conectados às próprias emoções e representações do mundo.






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